Territórios Saudáveis e de Luta: São Cristóvão é contemplada com convênio da Funasa para implementação de projeto em acampamentos rurais do município

14/11/2022 - 17:08 Atualizado há 4 horas



A prefeitura de São Cristóvão, através da secretaria de saúde, foi contemplada pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) com um convênio de 218 mil reais que visa o desenvolvimento de ações voltadas para a educação em saúde e saneamento ambiental em territórios rurais do município.

 

A proposta do projeto “Territórios saudáveis e de luta” foi enviada à Funasa em junho deste ano pela Coordenação de Vigilância Ambiental em Saúde através de edital específico da Instituição. O projeto aprovado deverá ser implementado em até dois anos (até setembro de 2024) nos acampamentos de reforma agrária Emília Maria (MST) e Nossa Senhora D’Ajuda (MOTU), no Povoado Cabrita, em São Cristóvão-SE.

 

 

 

 

Segundo Elis Correia, coordenadora de Vigilância Ambiental em Saúde de São Cristóvão, os acampamentos da Reforma Agrária onde as atividades deste projeto serão realizadas ainda não são assistidos pela rede pública de abastecimento de água. Nessas áreas os moradores fazem uso de fontes alternativas como poços artesianos, riachos, fontes/nascentes, caminhão-pipa e água da chuva.

 

O objetivo do projeto será, portanto, promover ações de educação em saúde ambiental voltadas para tecnologias sociais de saneamento ambiental para os moradores desses acampamentos buscando alcançar melhorias nas condições de saneamento ambiental nessas localidades.

 

 

“Escrevemos essa proposta que traz a possibilidade de trabalharmos com as famílias formas alternativas de tratamento da água, construção de fossas ecológicas e aproveitamento de resíduos sólidos das mais diversas formas, seja a utilização da matéria orgânica para produzir adubo para as plantações através de compostagem, seja o aproveitamento de resíduos seco  para confecção de artesanatos, seja pelo aproveitamento integral de alimentos como cascas e sementes para elaboração de comidas ricas em fibras e nutrientes”, explica Elis Correia.

 

Elis Correia, coordenadora de Vigilância Ambiental em Saúde de São Cristóvão

 

 

Ainda segundo a coordenadora, as melhorias se darão por meio de oficinas educativas voltadas para tecnologias sociais de esgotamento doméstico e gerenciamento de resíduos sólidos e o incentivo do uso de soluções individuais para o tratamento da água para consumo humano.

 

 

“O projeto Territórios saudáveis e de Luta propõe uma discussão coletiva com as famílias, bem como a realização de oficinas sobre ambiente e saúde, principalmente sobre saneamento ambiental em áreas de acampamento da reforma agrária, locais estes que carregam especificidades e que necessitam de cuidado e trabalho coletivo do poder público e comunidade”, complementa Elis. 

 

 

 

Além disso, o projeto buscará incentivar a participação social e a autonomia dos moradores quanto à preservação ambiental e os cuidados com a saúde individual e coletiva das comunidades. Para Jielza Correia, moradora do acampamento Nossa Senhora D’Ajuda, militante do MOTU e atuante no controle social do município (CMS/CONSEAN/CMAS) “as ações do projeto Territórios Saudáveis e de Luta trarão benefícios muito importantes para a comunidade, tanto para um ambiente mais saudável (fossas ecológicas, distribuição de filtros de barro, uso correto do hipoclorito, outros) como trará mais dignidade humana ao nosso território”.

 

 

“Aqui plantamos comida de verdade para nosso consumo e venda às comunidades vizinhas, o que aumenta a importância desses projeto. O conhecimento que ele nos trará através das capacitações (aproveitamento de resíduos sólidos para compostagem, artesanato etc.) ajudará a melhorar qualidade de vida territorial e adjacências. O conhecimento é a maior arma que podemos receber”, conclui Jielza.

 

 

 

 

Ainda segundo Jielza Correia, o edital chegou ao conhecimento da comunidade através da engenheira ambiental do Motu, Shalana Carvalho, e teve ajuda importante da professora Tereza Raquel da UFS, além de toda equipe de Saúde do Município. O Projeto, que deverá iniciar as ações em fevereiro de 2023, contou também com a parceria do Movimento Sem Terra (MS) e o Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU), além do Conselho Municipal de Saúde de São Cristóvão e a Universidade Federal de Sergipe, que atuaram desde a escrita da proposta até a sua execução. 

 

Fotos: Arquivo Motu.