SEMAS apresenta Cine Direitos Humanos com foco em dignidade menstrual para estudantes em alusão ao Dia da Mulher

08/03/2024 - 20:39 Atualizado há 10 horas



Na tarde de quinta-feira (07), a Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) de São Cristóvão realizou mais uma sessão do Cine Direitos Humanos, desta vez voltada para a discussão da dignidade menstrual. O evento, promovido na Galeria de Artes Vesta Viana, contou com a exibição do documentário “Absorvendo o Tabu” (2018), além de dinâmicas educativas, distribuição de pipoca, absorventes, e falas de representantes das Secretarias Municipais de Educação (SEMED) e Saúde (SMS).

 

O Cine Direitos Humanos é produzido a cada 15 dias, abordando diferentes temáticas essenciais para a garantia de direitos na sociedade a cada edição. A exibição é reservada para uma turma convidada da rede de ensino da Cidade Mãe, desta vez a turma de nono ano do Colégio São Cristóvão, mas também é aberta ao público. 

 

 

Disponibilizado na plataforma Netflix, o filme abordado foi dirigido por Rayka Zehtabchi, ganhou o Oscar de Melhor Documentário de Curta-Metragem em 2019, e apresenta uma comunidade de mulheres da Índia rural que passou a produzir absorventes de baixo custo em uma nova máquina, lutando contra o persistente estigma da menstruação e galgando a independência financeira.

 

A diretora de Direitos Humanos da SEMAS, Gessica Silva de Jesus, reforça que o não acesso a absorventes é apenas um detalhe da problemática que gira em torno da pobreza menstrual, mas que a questão está emaranhada à desigualdade social e de gênero. “A pobreza menstrual está conectada com as desigualdades sociais e as violações de direitos para essas mulheres que em sua maioria são negras, e periféricas, e que direta ou indiretamente estão vivenciando outras violações de direitos”, explica.

 

Daniela Bandeira, professora de português, e Gessica Silva de Jesus, diretora de Direitos Humanos da SEMAS

 

Acompanhando a turma para o debate sobre o filme, a professora de português Daniela Bandeira destaca a importância de discutir o assunto na véspera do Dia Internacional da Mulher, uma vez que a desigualdade cerceia o acesso a informações e materiais para os cuidados da mulher.

 

“É incrível falar sobre falta de informação em pleno século XXI, em pleno 2024, mas infelizmente ainda acontece e nós, enquanto educadores, temos o papel de trazer essa informação, mostrar essa realidade, para que as estudantes tenham uma visão crítica sobre debates referentes à dignidade menstrual e possam passar adiante esse conhecimento”, defende a professora.

 

Absorventes entregues durante a ação

 

A estudante Jeane Vitória acha essencial ter assistido ao documentário e conhecido a história daquelas mulheres, pois entendeu que nem todas as pessoas têm acesso a absorventes e o filme incentiva mulheres a se empoderar e pedir ajuda quando necessário.

 

“Eu acho muito importante esse debate e esse avanço da sociedade, estamos falando sobre esse tipo de coisa. Eu achei muito bom, fizeram muito bem e estão fazendo muito bem à sociedade até hoje. Isso é muito importante, muito importante mesmo, para nós mulheres”, comemora a estudante.

 

Jeane Vitória, estudante

 

 

Programa Dignidade Menstrual

 

A atividade aproveitou para apresentar às alunas o Programa Dignidade Menstrual, recentemente implantado em todo Brasil com o intuito de prover absorventes gratuitos para assegurar dignidade menstrual das pessoas que menstruam em situação de vulnerabilidade social. Os absorventes podem ser retirados nas farmácias cadastradas no Programa Farmácia Popular, mediante cadastro no site ou aplicativo do Programa Dignidade Menstrual.

 

Para receber os absorventes, é preciso ter idade entre 10 e 49 anos, estar inscrita  no Cadastro Único (CadÚnico) e  contar com renda familiar mensal de até R$218  por pessoa; ser estudante  das  instituições  públicas  de  ensino  cadastradas  no  CadÚnico,  mas  a  renda familiar  mensal  por  pessoa  vai  até  meio  salário  mínimo  (R$706); ou estar em situação de rua, neste caso sem limite de renda.

 

A coordenadora de Saúde da Mulher no município, Maria Helena Andrade, pontua que ainda é tabu falar sobre menstruação em 2024, e é valioso abordar esse tema, principalmente com meninas no período da puberdade, pois é comum não saber se comportar ou ter vergonha de falar com a família.

 

Maria Helena Andrade, coordenadora de Saúde da Mulher no município

 

“A menstruação é uma coisa normal, é um ciclo, e ele traz vida e por isso é importante falar sobre a dignidade menstrual. Ainda temos a distribuição de absorventes pelo Programa Farmácia Popular. Então precisamos conhecer o ciclo, saber quando estar normal, quando vem alterado, pois também tem o lado da saúde, se o fluxo vem muito intenso, com muitas cólicas. Por isso, é essencial que os jovens tenham conhecimento para conversar com os pais, familiares, professores, e não ficar sofrendo. Além de poder acessar os serviços que tem direito”, ressalta a coordenadora.

 

 

Fotos: Clara Dias