Parceria entre Semas e SPM-SE promove oficina de Enfrentamento à Violência contra Mulher para profissionais de São Cristóvão

09/04/2024 - 21:31 Atualizado há 9 horas



A proteção da dignidade e dos direitos das mulheres é um trabalho constante da prefeitura de São Cristóvão, que constantemente insere ações sobre o tema para a sua comunidade. Seguindo essa premissa, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), por meio da parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) de Sergipe, promoveu a “1ª Capacitação de articulação de serviços para a proteção integral às mulheres em situação de violência doméstica e familiar” nesta terça-feira (09), no Paço Municipal.

 

Para prestigiar a capacitação e aprimorar o trabalho na Cidade Mãe, estiveram presentes profissionais de toda a rede municipal de atendimento à mulher, principalmente servidores da assistência social e saúde, que lidam diretamente com mulheres em situação de vulnerabilidade e risco de violência.

 

 

Gessica Silva de Jesus, diretora de Direitos Humanos em São Cristóvão, pontua que todos os presentes no evento, assim como a Semas, reafirmam o compromisso em colaborar com a efetivação dos diretos das mulheres do no município, bem como do enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres.

 

“No dia 25 de abril, daremos continuidade ao processo formativo para os profissionais que compõem a rede de atendimento à mulher em situação de violência, pois estaremos realizando mais uma oficina sobre as especificidades da Lei Maria da Penha. É pertinente destacar, que a Semas possui um Plano de Educação Permanente, que tem como objetivos a promoção da formação continuada de todos os profissionais”, afirma a diretora.

 

Gessica Silva de Jesus, diretora de Direitos Humanos em São Cristóvão

 

A diretora de Proteção e Combate à Violência contra a Mulher da SPM, Ana Carolina Machado, destaca que a SPM tem ofertado essa capacitação para todo o estado de Sergipe, com o objetivo de preparar os profissionais das redes municipais para o enfrentamento contra a violência doméstica e familiar, além de conscientizar sobre a importância desse trabalho e da coletividade.

 

“Uma vez que falta uma pessoa, essa mulher pode estar sujeita a novas violências. Por isso a importância de estarmos todas e todos juntos nesse enfrentamento e fazer um Sergipe melhor para todas as mulheres”, reforça a delegada, que foi uma das ministrantes da oficina.

 

Ana Carolina Machado, diretora de Proteção e Combate à Violência contra a Mulher da SPM

 

Entre as falas das ministrantes, o grupo "Rita por Elas", do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de São Cristóvão, marcou o evento com uma apresentação que uniu arte e conscientização. No momento lúdico, as mulheres do grupo cantaram, dançaram e declamaram seus nomes e traços de suas identidades como poemas para humanizar e sensibilizar a relação do público com o tema.

 

"Rita por Elas", grupo do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de São Cristóvão

 

Em seguida, a palestra de Érica Leite Santana, gerente do observatório Maria Beatriz Nascimento, que faz parte da SPM, apresentou e discutiu os dados da situação das mulheres sergipanas em relação à temática da oficina. Segundo a palestrante, esses dados abarcam questões de renda, violências, trabalho, saúde, e a partir da interpretação deles, que estão disponíveis para a comunidade no site do governo estadual, é possível estabelecer políticas públicas de enfrentamento.

 

“Por exemplo, em São Cristóvão, a partir da apresentação, vamos ver qual o povoado ou qual bairro tem mais violência, qual o horário é mais violento, qual dia da semana que ocorre mais violências, e, a partir dessas informações, podemos, em conjunto, trabalhar uma ronda ostensiva da polícia naquela determinada localidade, ou trabalhar com prevenção, que é o principal foco da lei Maria da Penha, a prevenção acima de tudo. Assim, é possível articular com a rede de saúde e educação, assistência e segurança pública para dar uma vida digna a essas mulheres”, ressalta Érica.

 

Érica Leite Santana, gerente do observatório Maria Beatriz Nascimento

 

Como ouvinte do evento, a Agente Comunitária de Saúde (ACS), Patrícia Nascimento, acredita na importância de conhecer mais sobre o tema, pois no seu trabalho é essencial ter o olhar para os detalhes da violência, uma vez que está na linha de frente e lida diretamente com as mulheres em suas casas. 

 

“Somos nós que diariamente estamos na porta das pessoas e quem nos atende são as mães, as esposas, as mulheres, geralmente o marido não está em casa. Assim, podemos conversar melhor com a mulher. Muitas vezes, como mulher, não temos o conhecimento dos nossos direitos, sem saber que um grito, um palavrão, um empurrão, não é só um ato de raiva, mas sim uma agressão, já é uma violência contra a mulher. Então ficamos ali naquele ambiente”, lembra a ACS, estimulando a força do conhecimento.

 

Patrícia Nascimento, Agente Comunitária de Saúde

 

Contudo, a participante destaca um ponto importante de seu trabalho, que é a escuta, a compreensão e o acolhimento: “Tem que ser feito uma avaliação de tudo, da família, do convívio com o esposo e os filhos, e conversar com a mulher, expor pra ela a situação, falar sobre os direitos dela, que ela não é obrigada a estar no relacionamento. Com a confiança, falar sobre como procurar os direitos delas e encaminhar para uma denúncia”.



 

 

Como fazer uma denúncia de violência doméstica e familiar

 

Para denunciar um caso de violência doméstica, a pessoa em vulnerabilidade ou quem presencia a violência pode e deve ligar para o número 180. O Ligue 180 é um serviço de utilidade pública essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher. Além de receber denúncias, a central encaminha o conteúdo dos relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos.

 

A mulher que se encontre nessa situação também pode procurar uma delegacia e contatar o Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV). Após formalizar a denúncia, há medidas protetivas de urgência que trabalham a favor da mulher violentada e da sua proteção.

 

Em Sergipe, há duas casas de apoio na capital, que podem receber a mulher caso ela precise sair de casa. É feito um levantamento do melhor abrigo para ela pela equipe responsável. Uma vez que a medida protetiva entra em ação, o agressor precisa deixar a residência para que a mulher se mantenha em segurança e volte à sua rotina com normalidade e proteção.

 

Caso a mulher em situação de violência doméstica não consiga ir até a delegacia,é indicado que ela busque o CRAS ou CREAS mais próximo, onde conseguirá apoio psicológico e assistência social, o que pode ajudá-la a encerrar o ciclo de violência. Para isso, é fundamental que todos os profissionais dessa rede de acolhimento e enfrentamento tenham o conhecimento adequado de como agir, fortalecendo o combate e a eficácia do processo e protegendo as mulheres da forma mais adequada.

 

Fotos: Heitor Xavier