Em referência ao mês da Mulher Negra, Latinoamericana e Caribenha, Semas realiza exposição itinerante sobre a trajetória de Lélia González

20/07/2023 - 18:13 Atualizado há 22 horas



 

“Ao reivindicar nossa diferença enquanto mulheres negras, enquanto amefricanas, sabemos bem o quanto trazemos em nós as marcas da exploração econômica e da subordinação racial e sexual”.  Para a autora dessa frase, uma mulher negra, filha de um operário e de uma empregada doméstica de origem indígena, as questões de classe social, raça e gênero, sempre foram muito caras. 



Lélia González, nascida em Minas Gerais em 1935, dedicou sua vida a pesquisar sobre esses temas e, em função do seu trabalho, contribuiu de forma significativa com o debate sobre feminismo, negritude e desigualdade no Brasil, tornando-se uma referência. 

 

Por isso, neste mês de julho, considerado um mês especial para a luta das mulheres negras em função do dia 25, data em que é celebrado o Dia da Mulher Negra, Latinoamericana e Caribenha, e o Dia de Teresa de Benguela  – uma líder quilombola que deu visibilidade ao papel da mulher negra na história brasileira, liderando  por 20 anos a resistência do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia –  A exposição “O Feminismo Negro no Palco da História” homenageia Lélia Gonzalez, contando sua trajetória de vida e retratando a luta e suas experiências políticas na defesa dos direitos das mulheres negras contra o preconceito.

 

A exposição itinerante, organizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social, ocorreu na Biblioteca Pública Lourival Baptista, entre os dias 03 e 10 de julho. No Campus São Cristóvão do Instituto Federal de Sergipe (IFS) entre os dias 11 e 17 e, atualmente, a exposição está no Campus sede da Universidade Federal de Sergipe (UFS) no bairro Rosa Elze. Na Universidade, a exposição, que teve início no último dia 17, segue na Galeria de Arte da Biblioteca Central até o dia 27, das 7h às 22h. 

 

 Para Acácia Maria dos Santos,  Coordenadora de Promoção e Inclusão da Igualdade Semas o objetivo da exposição é destacar a história de Lélia González, que muita gente não conhece. 

 

“Ela foi fundamental para o movimento negro. É importante mostrar o feminismo, como ela é empoderada, e consegue fazer tantos movimentos necessários para a libertação da mulher negra”, destacou. 

 

Acácia Maria dos Santos,  Coordenadora de Promoção e Inclusão da Igualdade Semas

 

 

Em todo o Brasil, essa exposição acontece apenas em 5 estados, sendo um deles,  Sergipe. Além da exposição, aulas abertas foram realizadas especialmente voltadas para estudantes, adolescentes e jovens negras, para abordar a história e o legado de González. Facilitadora da aula no IFS durante evento que contou com quase 90 espectadores, mães, crianças e adolescentes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do CRAS Gilson Prado, Ana Caroline Trindade, diretora de direitos humanos da Semas explica o conteúdo: 




 “Durante a aula a gente fez uma linha histórica de pensamento sobre qual é o papel da mulher que era determinado  na sociedade do período colonialista. E Lélia Gonzalez dizia que a mulher  negra  se constrói enquanto mulher negra. Porque a gente tem que desassociar tudo aquilo que nos é colocado,  que nós somos um produto de venda sexual, que nós somos mulheres que não servimos pra casar, só pra prazeres sexuais, que não podemos estar em alto cargo de postos de trabalho, só nos serviços gerais”, pontuou.

 

Ana Caroline Trindade, diretora de direitos humanos da Semas

 

 

Na UFS,  a aula aberta foi ministrada pela professora Flávia Baptista do Núcleo de estudos afro-brasileiros e indígenas.

 

O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha



A data de 25 de julho foi escolhida como Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha em menção ao 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado na República Dominicana, em 1992. O objetivo do encontro era a união destas mulheres e visibilizar a luta contra o racismo e o machismo.

 

No Brasil, pela Lei Nº1297 de 2014, nesta data é comemorado também o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.






Fotos: Heitor Xavier.