VivaCidade: conheça a história da paróquia mais antiga de Sergipe

07/12/2021 - 12:33 Atualizado há 4 horas



Quem visita a quarta cidade mais antiga do país geralmente possui um roteiro já definido sobre os pontos turísticos que São Cristóvão tem em seu entorno. Repleto de edificações construídas a partir de 1590, o Centro Histórico do município traz consigo uma gama de opções para os amantes da arquitetura e da história do Brasil, dentre elas a Igreja Matriz Nossa Senhora da Vitória (considerada a mais antiga do estado). Ela é o destaque da segunda reportagem do projeto “VivaCidade”.

 

Localizada na Praça da Matriz e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), a igreja possui 411 anos de história, e foi construída em Sergipe Del Rey pelos padres jesuítas, sendo conhecida pelo imponente estilo barroco. Cada objeto, imagem, pintura e ladrilhos contidos nela contam algo aos visitantes, pesquisadores, comunidade e fiéis que frequentam o espaço.

 

A história conta que, nos idos de 1608, a igreja foi elevada como Matriz pelo quarto Bispo da Bahia, Dom Constantino Barradas, no pontificado do Papa Paulo V. À época, Portugal e Espanha estiveram unidos sob uma única coroa, o que conhecemos como União Ibérica, e era comandado por Felipe II. Esta fusão das influências dos dois países contribuíram para a formação de núcleos urbanos coloniais na cidade (originando estruturas como a própria igreja).

 

No ano de 1637, São Cristóvão foi invadida pelos holandeses. Nesta disputa do território, o rei Felipe II prometeu que se vencesse a batalha, colocaria uma imagem de Nossa Senhora da Vitória na igreja. Em 1645, os holandeses foram finalmente expulsos da região, e São Cristóvão ficou, em grande parte, destruída.

 

Assim como a cidade, a Igreja Nossa Senhora da Vitória foi sendo, aos poucos, revitalizada, passando por uma série de interferências, como detalha o sacristão Luiz Alexsandro de Assis. “A religiosidade do nosso estado nasceu aqui. Com o tempo, e por conta dos danos causados durante a guerra, a igreja precisou passar por algumas modificações. Ela possuía dois altares nas laterais, um degrau no meio da igreja que dividia a classe pobre e os negros dos ricos, e as tribunas eram ocupadas pelos senhores e senhoras que possuíam mais dinheiro”, contou.

 

Antes mesmo de adentrar à paróquia, o visitante já se encanta com sua estrutura externa. Ela dispõe de duas torres bem proporcionadas, guarnecida por azulejos brancos, encimadas por galo português e um crucifixo em sua parte central. Sua pintura que traz a cor branca e destaques amarelados também chama a atenção, sem falar em suas imensas portas e janelas que são realçadas por conta do forte tom azul.

 

Ao entrar no local, o visitante logo percebe a presença da imagem de São Cristóvão no ponto mais alto da estrutura. No altar principal, Nossa Senhora da Vitória ocupa o centro, enquanto o Sagrado Coração de Jesus e outra imagem de São Cristóvão a acompanham dos lados direito e esquerdo, respectivamente. Ocupando a parte superior do altar, o Jesus crucificado. Nos altares laterais, a imagem de São Miguel se destaca do lado esquerdo, enquanto do lado direito Nossa Senhora da Piedade é presente.

 

 

Esta última imagem, segundo o sacristão, pertencia ao monumento do Cristo Redentor, localizado nas proximidades da entrada do Centro Histórico. “Essa é uma imagem feita de terracota, que é o mesmo material utilizado na imagem de Nossa Senhora Aparecida, então é uma argila difícil de ser encontrada”, explicou Luiz Alexsandro. A igreja ainda conta com duas capelas: uma dedicada ao santíssimo do lado esquerdo e no direito uma com a imagem de João Paulo II. Já na sacristia, ficam localizadas as imagens do Cristo Ressuscitado e a de São Sebastião.

 

Boa parte da decoração dos altares e retábulos da paróquia são feitos com folha de ouro, costumeiramente utilizada nessas estruturas que remetem ao período barroco. Já a parte dos ladrilhos e da madeira do altar resistiram a invasão dos holandeses. Na parte dos altares, uma curiosidade: neles estão localizados os túmulos de pessoas "mais favorecidas" à época, que acreditavam que quanto mais próximas estivessem do altar, mais perto estariam de Deus.

 

Confira o vídeo com detalhes sobre a igreja

 

 

Funcionamento

 

 A Igreja funciona de terça a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h, e aos sábados e domingos, das 8h às 12h. A entrada é gratuita.

 

Fotos: Heitor Xavier