UBS José Amado realiza roda de conversa sobre autismo com recreação para crianças

19/04/2023 - 01:56 Atualizado há 1 hora



A Secretaria de Saúde de São Cristóvão, através da UBS José Rodrigues Amado, realizou na manhã desta terça-feira, 18, uma roda de conversa sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), como parte da programação do Abril Azul – o mês de conscientização sobre o autismo. O evento, que teve como principal objetivo informar e alertar os pais e familiares de crianças e jovens que estão no espectro, contou com palestras, atividades lúdicas, recreação e lanche para comunidade.

 

Os diálogos foram iniciados pela fala do médico da unidade, Dr. Marvin Gomes Machado, que mostrou para os pais presentes quais eram os primeiros sinais a serem notados no comportamento da criança, além de explicar quais os melhores tipos de tratamento. Para ele, além do objetivo da conscientização, um dos principais ganhos que o diálogo trouxe foi a comunicação entre a comunidade. 

 

“Eu acho importante eles [os pais e as crianças] se conhecerem. Às vezes, tem crianças aqui no bairro que nem se conhecem, famílias que têm uma criança, uma pessoa até adulta ou saindo da adolescência, com autismo, e um dos maiores problemas é a interação. Então, por essa interação entre as famílias, eu acho que foi uma ideia muito legal”, afirma Marvin.

 

Dr. Marvin Gomes Machado, médico da UBS José Amado

 

Depois da fala do médico, a equipe de estagiários de enfermagem da Universidade Federal de Sergipe. acompanhados pela docente Leila Gonçalves. A equipe continuou as falas informativas sobre características e tratamentos para o TEA. Para Leila, que além de professora é mãe de uma pessoa com autismo e membro do grupo TEA Mãe, a atenção primária é a porta de entrada da população para o sistema de saúde e a roda de conversa funcionou para dar acesso à equipe profissional e à informação sobre o espectro autista. “É importante que as mães também recebam o devido cuidado, pois ela acaba se excluindo, esquecendo do seu cuidado para cuidar dos filhos, principalmente quando tem alguma diferença”, afirma. 

 

Leila Gonçalves, professora do Departamento de Enfermagem da UFS

 

A ideia de organizar o evento partiu da observação do alto número de crianças acompanhadas pelos pais até o posto de saúde em busca de um diagnóstico de autismo. Além disso, a gerente da unidade, Adrielle Cardoso, contou que a equipe também notou a dificuldade na aceitação das famílias, por falta de conhecimento ou por viver em condições de extrema vulnerabilidade. 

 

Segundo Adrielle, o processo de atendimento e tratamento para os usuários que chegam na UBS com de TEA é o seguinte: “De início, quando os pais chegam trazendo essas queixas, a gente faz o acolhimento aqui na unidade. Todos os profissionais são habilitados e orientados sobre como acolher qualquer usuário que chegue na unidade. Quando a gente acolhe, geralmente um enfermeiro faz uma escuta mais qualificada, depois passa para o médico nos dias de demanda programada, e, quando o médico realiza esse diagnóstico, faz os encaminhamentos para um neurologista, psiquiatra, psicólogo e as outras devidas especialidades. Nós também instruímos essa família e seguimos fazendo o atendimento continuado aqui na unidade”.

 

Adrielle Cardoso, gerente da UBS José Amado

 

Entre as famílias participantes, Gleice Kelly e seus dois filhos aproveitavam as informações, os lanches e a recreação com cama elástica oferecida no local. Ambas as crianças, de oito e quatro anos, têm  o diagnóstico de autismo, sendo a mais velha diagnosticada há pouco tempo, pois antes profissionais afirmaram que as características apresentadas eram apenas sinais de birra. Gleice relata que um conjunto de fatores a levou ao atendimento na UBS, começando por comunicados da escola, que a recomendou ir até o posto de saúde. Depois do diagnóstico e de superar os percalços da falta de informação, hoje seus filhos têm um tratamento multidisciplinar continuado.

 

“O diagnóstico do de oito veio agora, ainda está no processo. E tenho esse de quatro que também descobri através do outro. A escola foi comunicada, viemos para o posto de saúde, que sempre entra em contato com a gente para nos deixar informados e a fala de hoje foi muito impotante para dar a informação necessária. Está sendo um processo um pouco sofrido, mas devagarzinho estamos tendo o suporte necessário", ressalta.

 

Gleice Kelly, usuária da UBS José Amado

 

 

 

Fotos: Heitor Xavier