Programação de aniversário da Chancela tem encerramento com atrações culturais na Praça São Francisco

07/08/2023 - 16:48 Atualizado há 2 horas



 

Na última sexta-feira (04) aconteceu o encerramento da programação em comemoração aos 13 anos do título de Patrimônio Mundial da Humanidade da Praça São Francisco estabelecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ao final do dia, o público se divertiu com atrações culturais e se deliciou com a Feira São Criativos.

 

A tarde começou com a mesa redonda acerca da história da Praça São Francisco e do Museu Histórico de Sergipe junto com a oficina com um exercício de leitura paleográfica de uma manuscrita oitocentista de São Cristóvão. O evento foi ministrado pelas professoras Verônica Nunes, Sayonara Viana e Renata Costa. 

 

De acordo com a professora e museóloga, Sayonara Viana, é importante discutir a linha do tempo do museu que está integrado na Praça São Francisco, o prédio que um dia foi o primeiro Palácio Provincial. “O prédio foi o primeiro museu da administração pública pós-emancipação política de Sergipe, suas documentações, seu histórico de transições é indispensável para entender com clareza a história do Estado e, consequentemente, de São Cristóvão”. Ela acrescentou, ainda, que o Museu fez parte da campanha do tombamento da chancela como patrimônio, já que ele está no entorno da praça, assim como outros prédios tão importantes. 

 

 

Sayonara Viana

 

 

 

Durante toda a programação foi percebida a participação de jovens atentos às histórias e curiosos para aprender mais sobre a praça e os prédios que fazem parte da sua rotina e que há treze anos está sob o olhar do mundo. “É imprescindível a educação patrimonial para esses jovens, eles são futuros educadores, futuros gestores da cultura do município, eles precisam conhecer mais e debruçar desse conhecimento. No momento de hoje, por exemplo, utilizamos não só o prédio do museu como uma fonte, mas um documento de 1825 que traz um pouco da história desse prédio”, complementou Sayonara.

 

O documento que chamou a atenção de todos por suas belas caligrafias apesar de uma desafiadora leitura e pronomes de tratamentos peculiares, mostrou-se um entretenimento divertido e curioso, onde o público junto à letróloga Renata, traduziu boa parte do documento e entendeu-se como era a comunicação naquela época. 

 

 

 

 

A jovem estudante de Letras Maria Fernanda, de 18 anos, partilhou que a informação sobre a praça ser chancelada era nova. Apesar de residir em Aracaju, fazer parte de um evento que contasse mais sobre a história de Sergipe e sobre a história que faz parte da Universidade Federal de Sergipe, onde estuda, é instigante e interessante para ela que aprecia, sobretudo, a história e o ambiente histórico que a Cidade Mãe carrega. 

 

 

Maria Fernanda, de 18 anos

 

 

“Eu acho extremamente importante essa valorização, dentre as sete praças chanceladas  no mundo, a Praça São Francisco é a única no Brasil, e ela está aqui em Sergipe. É uma pena muitas pessoas ainda não se atentarem para o valor que isso tem, mas eu acredito que com o tempo isso mude, e esse evento é um divisor de águas para que isso venha acontecer”, declarou Maria Fernanda.

 

 

13 anos de chancela e a cultura local 

 

A programação iniciou no dia 28 de julho e durou até a última sexta-feira (04), em uma semana repleta de assuntos históricos, valorização local, posses de novos membros da Academia de Letras de São Cristóvão; mais oportunidade de aguçar nos jovens e na população o sentimento de pertencimento. 

 

Além de momentos que refletem tudo isso, o presente de aniversário em homenagem ao chancelamento da Praça São Francisco, tratou-se de um Selo Personalizado em parceria com o Iphan, Unesco e os Correios.  Os selos foram criados para comprovar o franqueamento de objetos postais, além de tornarem as correspondências mais atrativas, divulgando mensagens que auxiliam na disseminação de aspectos relevantes da cultura e da história do povo sancristovense. Os selos contribuirão, também, para o estabelecimento de intercâmbio entre pessoas, comunidades e nações. Ao total foram confeccionados 1212 selos, impressos em Brasília com papel da Casa da Moeda do Brasil. 

 

A personalidade presente no selo foi elaborada pelo diretor de Arte do setor de comunicação da prefeitura de São Cristóvão, Alex Conceição. A arte compõe-se de traços delicados, ajustados em aquarela digital que faz referência aos diversos trabalhos manuais feitos por artistas da cidade. Segundo ele, a ideia foi trazer a arte do povo sancristovense estampada no selo.

 

E por citar os artistas sancristovenses, no último dia de evento aconteceu a Feira São Criativos, um espaço comercial para artesãos e empreendedores da culinária viabilizarem seus produtos e faturar uma renda extra. Pela primeira vez em eventos da prefeitura, a artesã sancristovense Valdelice Matos compartilhou sua satisfação por estar participando do momento, conhecendo pessoas novas e  mostrando seu trabalho para público da cidade e turistas. “Estou gostando, a movimentação de clientes está boa, e é uma ótima oportunidade para o meu crescimento como artesã e comerciante”. 

 

 

Valdelice Matos

 

 

Da mesma forma se alegra Wilson da Silva, popularmente conhecido como Wilson Bahia, pelo fato de ser natural do Estado da Bahia, mas é morador e artesão em São Cristóvão  há 10 anos. “Para mim é muito bom momentos como esse, estou mostrando minha arte, trazendo meu trabalho para as pessoas conhecerem cada vez mais, hoje já recebi várias encomendas, inclusive para fora da cidade, então é uma oportunidade de crescimento, é um momento de lazer também e comemoração de um título merecido para a Praça São Francisco”. 

 

 

 

 

Além de espaço para alimentação com comidas típicas da terra e exposições dos artistas, a Praça São Francisco que é palco de festivais e celebrações tradicionais como o Festival de Artes de São Cristóvão (FASC) e a tradicional Romaria Senhor dos Passos, desta vez recebeu um forró tradicional com a banda Xote Muleke que alegrou o público presente.

 

 

Feira São Criativos 

 

 

“Pra gente da Xote Moleque que já representamos há alguns anos o forró tradicional, já tocamos junto a Prefeitura de São Cristóvão por vários anos é uma satisfação imensa participar de uma programação em comemoração a uma data tão importante para Sergipe, nós que somos frequentadores da Praça São Francisco ficamos lisonjeados com a oportunidade”, partilha Denis Santana, um dos vocalistas da banda. 

 

 

Banda Xote Muleke, com Denis Santana no meio do trio 

 

 

A noite iniciou com apresentação da Filarmônica de São Cristóvão e  se despediu com a apresentação do grupo quadrilheiro Meu Xodó, prata da cidade que vem colecionando premiações por todo Sergipe e em outros estados. 

 

 

Quadrilha Meu Xodó 

 

 

Público presente 

 

A Praça São Francisco na última sexta-feira foi um espaço de diversão para toda a família, momentos de dança, apresentações culturais e de muitas fotos de recordação. Momentos como este são essenciais para o aposentado de 63 anos, Jhonérico Santos, que estava apreciando as apresentações e garantindo suas comidas e bebidas preferidas da culinária da cidade junto com sua família. “As raízes não podem ser desmanchadas, então fazer eventos e dar preferência para o que é típico da cidade, então aqui tá maravilhoso, tenho certeza que todos estão gostando. Além desse título merecedor da Praça São Francisco, levando nossa cultura e nossa história para o mundo”. 

 

 

Jhonérico Santos 

 

 

Além de sancristovenses, a praça recebeu visitantes da Espanha e de cidades vizinhas. Lari Souza, brasileira que atualmente reside e trabalha como professora na Espanha, admirou-se com as cores e belezas de São Cristóvão. “Vir aqui pela primeira vez neste momento de festa está sendo um grande privilégio, porque é um local que a gente sempre tem boas recordações por ser historicamente muito importante para estado de Sergipe, então a gente não poderia perder essa oportunidade de estar aqui e apreciar a arquitetura e ao mesmo tempo poder vim comemorar a festa, além de provar a culinária local que é muito rica”. 

 

Em companhia de Lari Souza, o professor e natural da Espanha, Alberto Gonçalves, se mostrou encantado com a alegria e o acolhimento das pessoas. “Gostei muito do lugar, da arquitetura, da música e, principalmente, da hospitalidade das pessoas que são muito alegres, sempre festejando e comemorando, isso é uma escolha feliz e que atrai em relação a cidade também. É a primeira vez que venho aqui, e com certeza voltarei outras vezes”. 

 

 

Lari Souza e Alberto Gonçalves

 

 

Fotos: Heitor Xavier