Prefeitura realiza Oficina de Produção de Repelentes, em parceria com a UFS, para beneficiar marisqueiras do povoado Colônia Miranda

19/10/2023 - 18:01 Atualizado há 2 dias



 

 

Na lida diária, as Marisqueiras do povoado Colônia Miranda, em São Cristóvão, enfrentam dificuldades que tornam o trabalho muito mais árduo, como a ação de insetos, que causam alergias e lesões pequenas que podem se agravar até um câncer de pele. Como alternativa para afastar os insetos, as trabalhadoras usam produtos que podem causar reações químicas que também fragilizam a saúde, como relata Elidiane dos Santos.

 

“Eu uso querosene para poder me proteger dos mosquitos, luva, casaco, calça e sapato. Mesmo assim, é muito difícil. O produto causa dificuldade de respirar e de enxergar, porque arde bastante os olhos. Tem vezes que provoca coceira e dor de cabeça”.

 

 

Elidiane dos Santos, marisqueira

 

 

Para ajudar a solucionar o problema, a Prefeitura de São Cristóvão, em parceria com o Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), realizou nesta quarta (18) uma Oficina de Produção de Repelentes Naturais. Durante a ação, que foi promovida como parte da Semana de Inovação Científica, as marisqueiras aprenderam como produzir o repelente e também receberam um frasco com o produto pronto. 

 

A Semana de Inovação Científica é uma ação das Prefeituras de São Cristóvão e da Barra dos Coqueiros, junto à Agência de Inovação Científica da UFS. Na Cidade Mãe de Sergipe, além da Oficina de Repelentes, a Semana conta com atividades desenvolvidas nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) Gina Franco e São Cristóvão. As ações são a  Conversão de Garrafas Plásticas em Filamento para Impressão 3D e “Lixo que transforma”- que promoveu o reaproveitamento de lixo eletrônico.  



Para viabilizar as iniciativas em São Cristóvão e na Barra dos Coqueiros, um projeto foi aprovado no valor de R$ 50 mil, através de um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), uma entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para incentivo a pesquisa no Brasil. 

 

A diretora de Inovação da Secretaria de Desenvolvimento e Trabalho, Laíze Santos, explica que na parceria entre a Prefeitura e a UFS para a realização da Oficina de Produção de Repelentes, a gestão municipal foi responsável por garantir a logística da atividade. 

 

 “A contrapartida da prefeitura foi selecionar o grupo de marisqueiras para poder participar das oficinas, além da logística da ação. Nós temos uma média de 50 marisqueiras participando, que vão sair com o repelente na embalagem e vão aprender a produzir também”. 

 

 

 Laíze Santos, diretora de Inovação da Secretaria de Desenvolvimento e Trabalho

 

 

Para solucionar os problemas enfrentados pelas marisqueiras, uma ação integrada foi realizada pela gestão municipal. O primeiro passo, foi a identificação da demanda na Unidade Básica de Saúde (UBS) Tânia Santos Chagas, no povoado Colônia Miranda, como explica a gerente da unidade, Marta Moura:

 

 “Algumas marisqueiras relataram que utilizam o querosene para afastar os mosquitos no momento da atividade da pesca, por ser um produto de baixo custo e que soluciona a necessidade delas. Porém, relataram,que apresentam problemas por conta do produto utilizado. Através desses relatos,  identificamos a necessidade de mudança desse hábito constante, e prejudicial à saúde. Em reunião com equipe de saúde, repassamos a demanda e sugerimos uma atividade educativa e coletiva para o grupo”, pontuou Marta Moura. 

 

 

Marta Moura, gerente da UBS

 

 

A professora do Departamento de Farmácia da UFS, Rogéria Nunes, destaca que a ação foi importante tanto para a população, quanto para os estudantes da universidade, que puderam colocar em prática parte dos conhecimentos adquiridos ao longo da formação. Ela também ressalta que a ideia foi utilizar materiais que as marisqueiras conseguem adquirir para produzir os repelentes por conta própria.

 

“Em geral, a matéria-prima que vai ser utilizada na produção é facilmente acessível, por exemplo, em casas que vendem produtos para preparar perfumes e produtos sanitários de uma forma geral”. 

 

 

Rogéria Nunes, professora do Departamento de Farmácia da UFS

 

 

Já o aluno do curso de farmácia, Khalil Lima, conta que durante a oficina também foi feito o esforço de orientar quanto aos equipamentos e utensílios que podem ser utilizados de forma acessível para a produção. 

 

“Elas vão aprender as medidas certas e no dia a dia  podem usar utensílios de cozinha para produzir o repelente que é feito com o óleo capim limão, que é muito conhecido como planta medicinal, mas também como inseticida, além de outras substâncias”. 

 

O estudante também ressaltou a importância de participar da iniciativa como uma oportunidade de complementar a formação acadêmica e vivenciar a satisfatória experiência de, a partir do conhecimento adquirido, beneficiar as pessoas.

 

“Essa é a parte mais legal para mim, porque a gente sai da universidade e vê uma realidade totalmente diferente do que a gente está acostumado e ajuda as pessoas. Nós pudemos transmitir um pouco do que a gente aprende na universidade para elas, isso já é muito satisfatório”. 

 

 

Khalil Lima, estudante

 

 

Entre as pessoas que a iniciativa  beneficiou está a marisqueira Maria Cristiani Santos, que comemora a possibilidade que a ação tem de se transformar em uma rede de apoio capaz de melhorar a vida de toda uma comunidade. 

 

“Nós usamos  capote térmico para poder ajudar contra o sol. Misturamos o gás com óleo, passamos creme para melhorar mas o problema persiste. Com a oficina, a gente vai se capacitar e melhorar nossas condições de trabalho. Aprender a fazer,  comprar os ingredientes em grande quantidade e  beneficiar muita gente”, celebrou. 

 

 

Maria Cristiani Santos, marisqueira

 

 

Fotos: Susana Fraga e Jhonny Oliveira.