Encontro Nacional das Mulheres na Roda de Samba é realizado em São Cristóvão

13/12/2021 - 14:31 Atualizado há 10 horas



Com muita dança e cantoria, aconteceu neste sábado (11) na Praça São Francisco, o Encontro Nacional das Mulheres na Roda de Samba. Marcando a primeira participação da Cidade Mãe, o evento faz parte da atual programação cultural de dezembro, que busca promover diversas ações culturais e atrair visitantes. 

 

coletivo Mulheres do Samba

 

 

 

O Encontro Nacional das Mulheres na Roda de Samba é um evento atual, com sua primeira edição feita em 24 de novembro de 2018. Idealizado pela cantora Dorina, o projeto traz a proposta de unir as rodas de samba femininas, bem como cantoras e instrumentistas de samba do Brasil e afora, com o intuito de criar uma rede entre as artistas, aumentando as trocas culturais e contribuindo para o fortalecimento da força feminina no samba. 

 

No estado de Sergipe o encontro acontece desde 2019, com a participação da cidade de Aracaju. Agora em sua quarta edição, São Cristóvão marcou presença em sua primeira edição do evento, que aconteceu simultaneamente junto a várias cidades do Brasil. 

 

Para a representante da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe Água (Fumctur), Maria da Glória, eventos como esses apresentam um despertar de São Cristóvão, que está num momento de efervescência e de muita alegria. “É uma oportunidade puramente da mulher, estamos trazendo essa mudança dentro do gênero. O fato de São Cristóvão sediar isso significa que a comunidade irá se valorizar ainda mais, que a mulher está se renovando, está despertando literalmente”, explicou.

 

Maria da Glória, representante da Fumctur 

 

A atividade contou com o coletivo Mulheres de Samba de São Cristóvão. Formado neste ano para a participação desse evento, o grupo é composto por 16 mulheres, dentre sancristovenses e de outros lugares, trazendo a missão de expor o empoderamento feminino do cenário musical e artístico local. A homenageada do encontro nacional foi a obra da cantora Alcione, mas a Cidade Mãe também deu espaço para o legado de Dona Madalena e Dona Adelaide, nomes importantes do samba local.

 

A coordenadora do coletivo, Sayd Emanuelle, comenta que o encontro significa a satisfação e a união de mulheres. “Esperamos que depois disso as mulheres entendam que elas podem ser protagonistas, que não precisam esperar que o homem a chame para fazer música ou qualquer tipo de arte. Que elas venham, consigam se reunir e fazer arte da melhor forma possível!”, declarou.

 

Sayd Emanuelle, coordenadora do coletivo Mulheres do Samba 

 

Já a integrante sancristovense do Mulheres do Samba e moradora do bairro Rosa Elze, Carla Apenburg, destaca a honra de representar a cidade e participar de uma roda formada por mulheres. “O samba é um ambiente muito masculinizado então além de ser um desafio, é muito importante marcar como um espaço que também é nosso, que a mulher também pode fazer arte, que ela tem o direito de estar onde ela quiser. É realmente muito especial pra gente estar fazendo samba, delimitando esse espaço”, finalizou. 

 

Carla Apenburg, cantora da Roda de Samba

 

Protagonismo feminino e samba raiz

 

Para quem estava assistindo, como a musicista Vanessa Silva Santos, o evento foi uma grande experiência. “É um momento muito marcante para São Cristóvão até porque desde então a gente não via voz feminina a esse nível aqui na cidade, está incrivel”, afirmou. 

 

Vanessa Silva Santos, musicista

 

Houve quem aproveitou o espaço para expor suas obras, como foi o caso da artesã Tatá Bonequeira, que também curtiu a roda. “É um exemplo para mulheres vivenciarem esse momento e relembrar um pouco do verdadeiro samba. Eu queria que toda a população estivesse aqui para conhecer e ver essa cultura belíssima”, detalhou. 

 

Tatá Bonequeira, artesã

 

Já para a professora Valéria Vieira Santos, o encontro é um retorno às raízes. “Sabemos que a nossa raiz é a raiz negra e os negros tinham essa questão da dança, do saculego, do molengo, tudo isso é o samba. São eventos como esses que traduzem muito a nossa identidade, coisa que não estamos sabendo ultimamente. É muito gratificante estar aqui”, concluiu. 

 

Valéria Vieira Santos, professora

 

Fotos: Dani Santos