Dia Mundial de Conscientização do Autismo: Conheça o atendimento em São Cristóvão

02/04/2023 - 11:42 Atualizado há 3 dias



Toda segunda-feira, Leila Érica chega com seu filho Emanuel para a terapia no Centro Especializado em Reabilitação Raimundo Aragão. O menino adora brincar com jogos e pular na mini cama elástica e é com esses e outros métodos lúdicos que a equipe multiprofissional do Centro realiza seu tratamento. A mãe começou a desconfiar dos sintomas de autismo de Emanuel aos dois anos e cinco meses - foi quando levou-o ao posto de saúde mais próximo.

 

Hoje, dia 02 de abril, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi estabelecida em 2007 e tem o intuito de difundir informações sobre autismo para a população, para resultar na diminuição do preconceito e das violências em torno de pessoas que integram o espectro autista. No Brasil, estima-se que o número de pessoas dentro desse espectro seja de dois milhões, enquanto no mundo a Organização das Nações Unidas (ONU) acredita que haja cerca de 70 milhões de pessoas com autismo. Para Leila, a informação sobre o tratamento foi essencial para o desenvolvimento e a qualidade de vida de seu filho.

 

O município de São Cristóvão conta com dois centros de especialidades voltados para o atendimento da população autista e com outras necessidades: o Raimundo Aragão, frequentado por Leila e Emanuel, que fica no bairro Lourival Batista, e o Centro de Especialidades Lourdes Vieira de Araújo, localizado no bairro Rosa Elze. Ambos oferecem atendimento de neuropediatria e fonoaudiologia, além de contar com os serviços da Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental (EMAESM), com profissionais de psicologia, psiquiatria, fisioterapia, nutrição e assistência social.

 

Após o atendimento no posto de saúde, Emanuel passou por uma triagem e foi encaminhado ao atendimento no Centro de Reabilitação. De acordo com Iandra Geovana Dantas, gerente do Centro Especializado em Reabilitação Raimundo Aragão, é preciso passar por um processo de agendamento para ser atendido nos centros especializados. “Para que o usuário chegue até a gente, é necessário que ele realize uma solicitação no posto de saúde, que é encaminhada para Secretaria de Saúde e a regulação vai fazer toda a triagem desse paciente que necessita do nosso cuidado. E, assim, logo em seguida esse paciente é acolhido pelo Centro”, explica.

 

Iandra Geovana Dantas, gerente do Centro Especializado em Reabilitação Raimundo Aragão

 

Segundo sua mãe, Emanuel passou a ser atendido aos três anos. Hoje, aos cinco, já teve avanços consideráveis na fala, na motricidade e na interação social. Leila comemora seu desenvolvimento: “Eu sempre digo, do ano passado pra cá é o ano da vitória dele, porque eu vejo como ele se desenvolveu bastante aqui, juntamente com a escola. O centro ajudou bastante, então sou muito grata. Se ele pudesse, vinha todos os dias”.

 

Leila Érica, mãe de Emanuel, paciente com TEA do centro Raimundo Aragão

 

Durante o mês de março de 2023, foram atendidas 88 crianças e adolescentes com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em São Cristóvão. Entre eles, 10 usuários foram atendidos pelo fonoaudiólogo, 18 pela neurologista pediatra, sete pela assistente social, 42 pelo psicólogo e 11 pelo psiquiatra. 

 

A coordenadora de Atenção Especializada da saúde do município, Maria Fernanda de Sá Camarço, afirma que o município passa por um processo de ampliação da Rede de Atenção à Saúde para melhor atender seus usuários. “Estamos requalificando a estrutura dos centros e ampliando o número de profissionais para que consigamos atender o maior quantitativo possível de usuários, e melhorar esse atendimento não só nos Centros de Especialidades, como também nas unidades de saúde, onde o usuário precisa continuar o seu acompanhamento com atenção da família”, ressalta.

 

Maria Fernanda de Sá Camarço, coordenadora de Atenção Especializada da saúde de São Cristóvão

 

Sintomas para prestar atenção:

 

É logo na infância que os transtornos do espectro autista (TEAs) se manifestam, persistindo na adolescência e fase adulta. Assim como Emanuel, é comum que os sintomas apareçam nos primeiros cinco anos de vida. 

 

Alguns dos comportamentos mais comuns que os responsáveis devem prestar atenção são: 

 

- Ausência de contato visual;

- Ausência de reação ao sorriso dos pais ou outras expressões faciais;

- Não bater palma e não dar tchau; 

- Não olhar para objetos mostrados ou apontar para as coisas que querem; 

- Não sustentar contato visual; 

- Ter atraso na fala e dificuldade de assimilar o significado das palavras; 

- Não demonstrar empatia; 

- Não demonstrar sentir dor;

- Incapacidade ou desinteresse em fazer amigos; 

- Não responder ao chamado do nome ou reagir a sons; 

- Balançar, girar o corpo ou andar na ponta dos pés por muito tempo; 

- Não imitar adultos em brincadeiras imaginárias ou em criar cenários; 

- Ter sensibilidade a cheiros, sons, texturas e toque; entre outros. 

 

Não raro, os TEAs podem aparecer em conjunto com outras condições comórbidas, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.  Já o nível intelectual varia muito de um caso para outro, podendo ou não ser afetado. No entanto, os tratamentos para outras condições são distintos.

 

O tratamento é contínuo e multiprofissional

 

Nas segundas-feiras em que Leila e Emanuel são atendidos no centro especializado, o menino passa por uma série de terapias de variadas áreas que, juntas, auxiliam no seu desenvolvimento. Sua mãe mostra que ele trabalha os jogos com a psicóloga no intuito de observar seu comportamento social. Já a fonoaudióloga trata a questão da fala. A neuropsicopedagoga também o atende, desenvolvendo os pontos de sua aprendizagem.

 

“A gente sabe que a questão do autismo não tem medicação, mas tem sim as terapias que ajudam bastante. Hoje ele é outra criança. Tem um comportamento sociável em alguns lugares públicos. Piscina, praia, que ele não frequentava, hoje ele já frequenta. Então, tudo isso se deu graças aos atendimentos que ele recebe aqui no Raimundo”, detalha Leila, enquanto compartilha sua experiência. E agradece: “Sou muito grata por todo atendimento, desde a portaria até os profissionais que atendem ele sempre bem atendido, bem recepcionado. Eu gosto muito do atendimento daqui”.

 

 

 

Fotos: Clara Dias