Com apoio da Prefeitura, população de São Cristóvão realiza tradicional Casamento Tabaréu

26/06/2023 - 22:08 Atualizado há 20 horas



 

Domingo, 25 de Junho. No bairro  Lourival Batista, é iniciada a concentração. Um grande número de pessoas , a grande maioria montada em cavalos e carroças cuidadosamente decoradas, indica que uma manifestação popular vai ocorrer. A toada dos vaqueiros anuncia: é o Casamento Tabaréu. 

 

Em seguida, é iniciado um cortejo pelas ruas da cidade, até o Centro Histórico. A frente, os noivos, seguidos pelo público até o altar. No caminho, centenas de pessoas que, da porta de suas casas, acompanham e registram a tradicional celebração. No palco montado para receber o casamento, o forró toma conta e embala o público. Quando chega ao fim a cantoria, é hora de começar a  cerimônia e a confusão.

 

 

Cortejo 

 

 

Como reza a tradição da encenação do Casamento Tabaréu, o noivo se casa obrigado pelo pai da noiva. Este  ano, o encarregado de ser conduzido até o altar foi o sancristovense Marcelo Madureira: 

 

“Já participei antes da festa como o pai da noiva, já este ano, eu sou o noivo. Caso a pulso, mas caso”, disse Marcelo, em tom de brincadeira. 

 

 

 

Marcelo Madureira, noivo

 

 

Se em 2023 a festa teve um noivo diferente, com a noiva, não ocorreu o mesmo. Dona Beliene Araújo há 43 anos ocupa o mesmo papel na encenação. Aos 83 anos, a história da senhora se mistura com a tradição do casamento na cidade: 

 

“Participo desde os 40 anos. Para mim é  a maior alegria da vida, é uma coisa que eu só posso deixar de fazer  quando eu morrer, porque é uma benção e uma emoção imensa. A cada ano eu faço uma roupa nova, não demora muito pra fazer mas a noiva tem que estar preparada”, relatou a noiva.

 

 

Beliene Araújo, noiva

 

 

Muito além das cerca de 15 pessoas que participam da encenação, a festa reúne milhares de pessoas, que se mobilizam para decorar as carroças, preparar os cavalos e as vestimentas, que embelezam ainda mais o cenário. Uma participação fundamental para dar sentido à celebração que há 40 anos faz parte da tradição junina do município.

 

São pessoas como o senhor João Alves, que decorou a sua carroça e levou o filho Guilherme para ajudar a construir mais um capítulo da celebração: 



“Já participo da festa há dois anos, uma festa muito bonita. Decorei minha carroça e só não ficou mais bonito  porque não deu tempo. Mas tem que  arrumar  pra dar certo”, reforçou. 

 

 

João Alves e o filho Guilherme

 

 

Na porta de casa, Dona Letícia, popularmente conhecida como Preta,  acompanhou e comemorou mais uma edição do cortejo, que transforma a paisagem.

 

“Eu amo assistir, sempre  aqui da porta do meu bar. Já é uma tradição e quando o cortejo passa anima todo mundo. É maravilhoso”, concluiu. 

 

 


Dona Letícia

 

 

A tradição da Cidade Mãe também encanta turistas como Ronaldo Silva, que veio de São Paulo para conhecer o São João de Sergipe e,  na volta pra casa, além da bagagem, vai levar as lembranças da celebração que presenciou nas ruas de São Cristóvão: 

 

“Sou de São Paulo, vim conhecer o São João de Sergipe e decidi vir hoje a São Cristóvão. Adorei conhecer a cidade e ver a celebração. Achei bem diferente”, pontuou

 


Ronaldo Silva (de preto) 

 

 

 

Realização 



O casamento caipira, que acontece durante a festa junina, é conhecido como uma sátira às cerimônias tradicionais, representando a união de uma maneira descontraída. Também representa uma homenagem a  Santo Antônio. Em São Cristóvão a celebração, conhecida popularmente como Casamento Tabaréu, é organizada por Sérgio Matos e Silvia Viana: 



“Participo da organização há 18 anos e digo: dá  muito trabalho para juntar o pessoal todo pra fazer os ensaios, é muito difícil, mas com muito trabalho e principalmente com muita força de vontade, a gente consegue fazer isso”, relatou Sérgio. 

 

“Tem que ter muita determinação. Até porque o pessoal não ganha nada, vão por gosto, mas a gente se desdobra. A gente faz a noite, até tarde às vezes, com cerca de dois meses de ensaio, eles abrem mão de tudo pra participar”, contou. 

 

 

Sérgio Matos e Silvia Viana

 

 

A festa é feita pela comunidade, mas os organizadores destacam que a contribuição da gestão municipal é fundamental para manter a festa de pé: 

 

“O apoio da gestão é 100% necessário. Sem  o apoio da Prefeitura seria muito difícil organizar a festa. Desde a gestão de Marcos Santana ficou tudo mais fácil", explicou. 

 

 


 

 

A diretora de cultura e arte da Fundação de Cultura e Turismo João Bebe Água (Fumctur), Elma Santos, destaca que o objetivo da pasta é apoiar as diversas celebrações do município para fomentar a tradição junina da Cidade Mãe de Sergipe: 



“O Casamento Tabaréu é uma festa tradicional da cidade.  A prefeitura  apoia esse evento como forma de manter essa tradição, como em outros diversos bairros e povoados.  São 37 eventos apoiados durante os festejos juninos em São Cristóvão”, ressaltou Elma.

 

 


Elma Santos, diretora de cultura e arte da Fumctur

 

 

A presidente da Fumctur, Paola Santana, reforça que  uma das prioridades da gestão é incentivar as tradições que representam parte  da história da cidade: 



“A gente se preocupa em apoiar e financiar atividades tradicionais para que elas não deixem de existir. O casamento é uma atividade que acontece a anos e representa uma cultura que faz parte da cidade e representa a nossa história. Assim como os forrós de ruas , que são organizados por famílias e grupos de amigos”, concluiu.

 

 

Paola Santana, presidente da Fumctur

 

 

 

 

 

 

 

 

Fotos: Heitor Xavier.