Bonequeiras de São Cristóvão levam sua arte ao Museu de Folclore no Rio de Janeiro

08/11/2023 - 17:56 Atualizado há 1 hora



Bonequeiras de São Cristóvão encantam o público carioca com a exposição 'Feitas de Pano: entrelinhas e afetos' no Museu de Folclore do Rio de Janeiro. A mostra, protagonizada por talentosas artesãs que celebram a rica cultura de Sergipe, sobretudo da Cidade Mãe, tem atraído visitantes de todo o Brasil durante sua temporada, que começou em 20 de outubro e encerra dia 12 de novembro. 

 

 

Maria Anair Reis, uma das bonequeiras de São Cristóvão presentes na mostra, preserva todo o conhecimento e as técnicas aprendidas, garantindo a perpetuação dessa tradição herdada de seus familiares. Para a artesã, levar o seu produto para outro estado é uma oportunidade de disseminar não apenas o resultado do seu trabalho, mas as tradições culturais e religiosas da sua cidade natal. 

 

Maria Anair Reis, artesã / foto: Dani Santos

 

Maria Anair iniciou a carreira muito cedo, sob influência da família. Ela contou sobre a sua felicidade e explanou o desejo de que tal valorização se mantenha fortalecida. “Foi uma honra ter o nosso trabalho representado em outra capital, com diversas pessoas encantadas com a nossa cultura que estava representada em cada um dos bonecos, fato que reafirma a nossa capacidade de alçar voos ainda maiores, inclusive para fora do país, como já aconteceu. Eu chorei muito quando me dei conta da proporção do evento e já aguardo ansiosa por novas exposições”, afirmou.

 

O diretor de turismo da Fumctur, Kaio Rocha, afirmou que representar a Cidade Mãe de Sergipe nessa exposição de bonecas é de suma importância porque leva um recorte da cultura sancristovense para fora do estado. “Nestes grandes centros urbanos, um deles o Rio de Janeiro, há um maior fluxo de turistas e isso faz com que a nossa sergipanidade seja conhecida para além do município. Essa exposição leva um pouco do conhecimento do ofício de fazer as bonecas e da história das mulheres que fazem, das mãos que constroem essas bonecas”, explicou. 

 

Kaio Rocha, diretor de turismo da Fumctur / foto: Heitor Xavier

 

Partindo do princípio de que as artesãs buscam inspiração nos saberes locais, no folclore e na religião, as bonequeiras de São Cristóvão expuseram elementos que destacam não só a sua criatividade e dedicação, mas que refletem a história e a cultura de Sergipe, principalmente de São Cristóvão. Maria Anair pontuou que a exposição conta com obras que representam as Caceteiras, o Reisado, o boi do Reisado, Samba de Coco, Taieira, mestre Jorge, incluindo a Irmã Dulce e o Senhor dos Passos. Inclusive alguns itens farão parte do acervo do Museu, no Rio de Janeiro.

 

 

Quem também ficou encantada e relatou o seu entusiasmo ao ver a exposição montada, foi a bonequeira Maria de Lourdes Jesus Silva. “Eu fiquei encantada quando vi o nosso trabalho sendo tão exaltado e tão elogiado por todos os visitantes. A cada segundo chegava alguém querendo tirar foto com as bonequeiras, posar ao lado das bonecas, sendo motivo de muito orgulho. Começamos há tantos anos, confeccionando, fazendo as oficinas e agora estou ainda entusiasmada, pois em nenhum dos meus maiores sonhos imaginei que as nossas bonequinhas, nossas princesas, iriam fazer tanto sucesso e ser motivo de tamanha felicidade”, frisou Maria de Lourdes. 



Maria de Lourdes Jesus Silva, artesã / foto: Dani Santos

 

Casa dos Saberes e Fazeres

 

Localizada na Rua Cel. Erundino Prado, no Centro Histórico da cidade, a Casa dos Saberes e Fazeres reúne tudo que está relacionado à arte do município, desde artesanato, moda, gastronomia até artes plásticas e decoração. A gestão do espaço é da responsabilidade da Prefeitura de São Cristóvão, através do trabalho da equipe da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe-Água (Fumctur).

 

Periodicamente, as artesãs participam de capacitações promovidas pela administração local, visando aprimorar suas habilidades. Além disso, os produtos criados por essas artesãs são comercializados não apenas na Casa dos Saberes e Fazeres, mas também nas diversas feiras realizadas ao longo do ano na cidade. 

 

Fotos: Dani Santos e arquivo