VivaCidade: o significado de pertencimento da Igreja Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos

18/01/2022 - 13:10 Atualizado há 48 minutos



Em mais uma reportagem da série “VivaCidade”, um dos templos mais antigos da Cidade Mãe ganha seu protagonismo: a Igreja Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos. Apesar de não existir uma data exata, relatos apontam que sua construção se deu no final do século XVIII, sendo fundada pela Irmandade dos Homens Pardos. Ela, assim como vários monumentos de São Cristóvão também recebeu o título de proteção pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

 

Logo em sua fachada, a Igreja dá destaque à arquitetura barroca com elementos do neoclássico. O frontão apresenta uma alvenaria de tijolos maciços, com janelas em arco abatido e adornos que remetem a chamas, sendo encimado por uma cruz. Outro destaque fica por conta de sua torre sineira, sendo uma das mais altas entre as igrejas sergipanas. 


 

Ao adentrar a Igreja, é difícil não se encantar pela beleza do local. Logo à frente, é presente um altar-mor dedicado à santa do Amparo, composta por dois altares laterais e a capela principal. Além disso, figuras importantes como a imagem da Senhora da Vitória, Santa Cecília, São Gonçalo e Santa Maria do Egito estão presentes em forma de réplicas, com suas peças originais expostas no Museu de Arte Sacra de Sergipe. Outra peça do local era uma miniatura do Nosso Senhor dos Passos, atualmente presente na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória. 

 

Zelador da Igreja, Luiz Carlos Freire França, relatou que há histórias em que um dos envolvidos na construção da Igreja fora Luís Bernardo, um homem devoto a Nossa Senhora do Amparo que em todo ano durante a festa da Padroeira comemorada no mês de agosto, vinha para São Cristóvão com sua família e escravos e passava os 15 dias das festividades. “No anuário sancristovense de Serafim Santiago, ele conta que Luís pegou um peixe enorme e trouxe para vender na frente da Igrejinha a fim de ajudar em sua construção”. 

 

Luiz ainda conta que durante a época de sua formação, as igrejas daquele tempo eram apenas para brancos, sendo proibida aos escravos e pardos. Devido à exclusão, esses grupos uniram-se em irmandades e se organizaram para obter um poder aquisitivo e forças para construir uma Igreja em que eles pudessem participar. Dessa forma, surgiram as igrejas Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos. “Entre os membros da Irmandade dos Homens Pardos, uma figura muito conhecida foi o famoso João Bebe Água que atuou como tesoureiro e zelador da Igreja por muitos anos”, declarou Luiz. 

 

Revitalizações

 

O zelador Luiz Carlos diz que durante o último século, a Igreja Nossa Senhora do Amparo ficou num período de quase 50 anos abandonada, com seu altar destruído e o espaço utilizado como depósito de lixo, recebendo sua última grande reforma apenas em 1996. E apesar de voltar a funcionar, isso ocorria de forma precária até a chegada do Frei Edmar. “O vigário chegou com um projeto de abrir a Igreja para visitas, então ele a entregou para um fiel que ficava de vez em quando. Após isso, o Grupo do Terço dos Homens tomou conta do local e continua até hoje”, comentou. 

 

O Grupo do Terço dos Homens existe há 22 anos, fundado pelo próprio Luiz Carlos, que inicialmente era dedicado a homens que rezam terço. “Nos reunimos todas as quartas-feiras à noite, temos uma missa uma vez por mês, visitamos as casas das pessoas e outras comunidades do terço. A cada três meses nós celebramos numa comunidade uma manhã de aprofundamento e reflexão. O grupo é aberto para todos, temos mulheres que participam do nosso grupo no Whats e algumas ações”, contou. 

 

Atualmente a Igreja Nossa Senhora do Amparo passa por uma reforma que está sendo executada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Cidades Históricas. A ordem de serviço da obra foi assinada entre o Iphan e o estado, e  serão contemplados a recuperação da cobertura, restauração de elementos artísticos, revisão e execução das instalações prediais, entre outros. 

 

Confira o vídeo com detalhes sobre a igreja

 

 

Fotos: Dani Santos e Heitor Xavier