Prefeitura de São Cristóvão realiza evento “Falando de Nós”, em referência ao Dia Internacional de Luta contra LGBTfobia

22/05/2023 - 19:01 Atualizado há 1 dia



 

Ao menos 273 pessoas  LGBTQIAP+ foram vítimas de mortes violentas no Brasil em 2022. Desses casos, 228 foram assassinatos, 30 suicídios e 15 outras causas, como morte decorrente de lesões por agressão. A média é de um morto a cada 32 horas. Com 118 casos, o nordeste é a região com maior número de ocorrências. 

 

O levantamento foi realizado pelo Observatório de Mortes Violentas Contra LGBTI+, que ainda conta contou com a parceria da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT ).

 

Com o objetivo de promover a inclusão social e reflexões sobre a diversidade, a Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria de Assistência Social (Semas) e da Secretária de Serviços Urbanos (Semsurb), realizou no último sábado (20) a roda de conversa Falando de Nós, voltada para pessoas LGBTQIAPN+. 

 

 

Roda de conversa

 

 

O evento que ocorreu no Parque Natural Aloízio Fontes dos Santos, conhecido popularmente como Bica dos Pintos, contou com a presença de representantes de associações e movimentos sociais de luta pelos direitos das pessoas LGBT; do coordenador do Centro de Referência em Direitos Humanos LGBTQIAP+ da Secretaria Estadual de Segurança Pública, Helenilton Dantas; do assessor técnico LGBTQIAPN + da prefeitura de Aracaju, Marcelo Lima; e a população sancristovense em geral. 

 

A ação é uma atividade do município referente ao Dia Internacional de combate à LGBTfobia, celebrado em 17 de maio, data em que a Organização Mundial de Saúde (OMS)  retirou o termo “homossexualismo” da categoria de transtornos mentais, em 1990, como explica Sandra Sena, coordenadora de políticas para população LGBTQIAPN+ da Semas: 

 

“Estamos em um mês e em uma semana com várias atividades, não só no município, mas fora do município, no dia de luta contra a LGBTfobia. Por isso promovemos um dia de congraçamento, de encontro, que  começou  com atividade física para promover um relaxamento. Depois vai ter um lanche, a roda de conversa que é o falando de nós, onde vamos nos  conhecer e nos  descobrir para fortalecer esse grupo”, pontuou. 

 

 

Sandra Sena, coordenadora de políticas para população LGBTQIAPN+ da Semas

 

 

 

Prática de exercícios físicos

 

 

 

Daniel Alves, coordenador de fiscalização da Semsurb, conta que o evento surgiu a partir da necessidade identificada de promover debates sobre diversidade, para combater a intolerância nos espaços públicos da cidade: “Nós percebemos a necessidade desse tipo de evento aqui na Bica, como uma forma também de conscientizar os usuários desse espaço sobre a importância de conviver de forma saudável com a diversidade e também estimular as pessoas LGBT a utilizarem esse ambiente, à medida que se sentirem mais acolhidas. Por isso a Semsurb contribuiu com toda a questão operacional: limpeza, fiscalização e estrutura, para deixar o pessoal o mais confortável possível”, relatou. 



Daniel Alves, coordenador de fiscalização da Semsurb

 

 

Questionado, ao fim do evento, sobre qual palavra definia a experiência vivida no Falando de Nós,  Pedro Fontes, membro do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades e professor de história, escolheu afeto: “Ao pensar políticas públicas para as pessoas LGBT, as relações que a gente vem construindo, as redes de apoio que estabelecemos; ao passo que a gente se comunica, se conhece e conversa, é o afeto que estamos desenvolvendo e é ele que nos deixa mais fortes e resistentes para combater todos os preconceitos e problemas que ocorrem na sociedade como um todo”. destacou Pedro. 

 

 

Pedro Fontes, historiador

 

 

 

O evento contou com a participação de Helenilton Dantas, policial militar e coordenador do Centro de Referência em Direitos Humanos LGBTQIAP+ da Secretaria Estadual de Segurança Pública. Ele explicou que o Centro está aberto para receber esse público, viabilizando o acolhimento e o acesso às políticas públicas: 

 

“O Centro de Referência é um serviço público estadual que está à disposição da sociedade sergipana, para garantir o cumprimento de políticas públicas. Nós temos atendimento  porta aberta para a população LGBT em geral e fazemos todo o processo de atendimento: acolhimento, acompanhamento com psicólogo, atendimento jurídico para todos os casos que envolvem a rede protetiva, além de contemplar as ações da estrutura de rede dos serviços públicos e toda a rede de estrutura de serviço público, referente à saúde, à educação, assistência social e a segurança pública. Além de contemplar ações de capacitação em todo o estado de Sergipe”, pontuou. 

 

 

Helenilton Dantas, coordenador do Centro de Referência em Direitos Humanos LGBTQIAP+ da SSP




Marcelo Lima, assessor técnico LGBTQIAPN + da prefeitura de Aracaju, também esteve presente e ressaltou a importância da troca de experiência entre as gestões municipais para avançar na promoção de direitos para esse público: 

 

“É sempre bom que uma gestão paute o mês de maio, um dos mais importantes para a  população LGBT.  É quando se comemora o dia internacional do combate a LGBTfobia e essa ação de  hoje prova que a prefeitura de São Cristóvão está comprometida com essa população. Estamos aqui para comemorar esse dia, mas para protestar também”, destacou. 

 

 

Marcelo Lima, assessor técnico LGBTQIAPN + da prefeitura de Aracaju

 

 

Segundo Acna Frank, moradora do Rosa Elze o evento foi um oportunidade para agregar novos conhecimentos e dialogar com outras pessoa LGBTQIAPN+: 

 

“A experiência foi maravilhosa, a gente debateu um pouco sobre os direitos da comunidade, mas o mais importante pra mim foi estar perto de pessoas como eu. Espero que esse evento permaneça aqui com outras pessoas também”, contou. 

 

 

 

Acna Frank, moradora do Rosa Elze



 




Cadastro Municipal de Pessoas LGBT



A Semas realizou um cadastro específico para população LGBT, que está disponível no site da Prefeitura, para compreender o perfil das pessoas desse público no município e fundamentar as políticas públicas. 

 

O cadastro consiste em um questionário com perguntas como a localização dessas pessoas, quais as necessidades e o que esperam da gestão municipal. Mais de 160 pessoas já se cadastraram.





Exercícios de dança

 

 

 

 

Lanche servido as pessoas presentes

 

 

 

 

Fotos: Jhonny Oliveira.