Janeiro Roxo: Secretaria de Saúde de São Cristóvão garante diagnóstico e tratamento gratuitos contra Hanseníase

O primeiro mês do ano é marcado pelo destaque ao combate à Hanseníase, por meio da campanha de “Janeiro Roxo”, iniciativa que reforça a importância da detecção precoce da doença. Além de ações temáticas para informação da população, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Cristóvão garante diagnóstico e tratamento gratuitos acessados por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Promovido nacionalmente pelo Ministério da Saúde, o “Janeiro Roxo” inclui o Dia Mundial de Enfrentamento da Hanseníase, celebrado no último domingo do mês. Em alusão à data, a UBS Irônia Maria Aragão, localizada no bairro Romualdo Prado (Arrepiada), promoveu uma ação de conscientização com palestra e dinâmicas de perguntas e respostas para desmistificar e tirar dúvidas sobre os cuidados com a enfermidade.

De acordo com Joélia Ferreira, referência técnica de Hanseníase no município, mesmo sendo milenar, a doença ainda carrega um grande estigma, fazendo com que muitas pessoas sintam vergonha de procurar atendimento, ainda que percebam manchas na pele. Geralmente, segundo ela, os pacientes só buscam ajuda médica quando a hanseníase já está em um estágio avançado, apresentando sintomas como nódulos e a chamada “face leonina”, característica da forma multibacilar da doença, em que há maior carga de bacilos e maior risco de transmissão.
“Quanto mais cedo a doença for identificada, menores serão as chances de o paciente desenvolver sequelas que possam comprometer sua qualidade de vida e sua capacidade de trabalho. Isso não significa que a busca ativa e o tratamento da hanseníase aconteçam apenas em janeiro, mas, nesse período, há um esforço maior por parte dos profissionais de saúde para intensificar ações, palestras e orientações dentro das unidades de saúde. A SMS também reforça essas iniciativas, mobilizando as equipes para ampliar o diagnóstico e o acesso ao tratamento”, explicou a profissional.

Após as dinâmicas de diálogo sobre a hanseníase, os pacientes da UBS Irônia Maria Aragão demonstraram maior entendimento e preocupação com os cuidados com a doença. A merendeira Rosenilde Andrade, moradora do bairro Romualdo Prado, enfatizou que aprendeu que a doença tem tratamento e é muito importante procurar a unidade de saúde. “Muita gente sente medo por causa da hanseníase, mas aqui explicaram que há acompanhamento e tratamento disponíveis, então devemos nos cuidar”, realçou.

O que é a hanseníase
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que pode levar a deficiências físicas permanentes e exclusão social se não tratada precocemente. Sua transmissão ocorre pelas vias aéreas superiores, como tosse ou espirro, após contato prolongado com pessoas não tratadas na forma contagiosa. Objetos pessoais não transmitem a doença.
Os principais sintomas incluem manchas na pele com alteração de sensibilidade (ao calor, frio, dor ou toque), espessamento de nervos periféricos, redução de pelos e suor nas áreas afetadas, formigamento ou perda de força muscular, especialmente nas extremidades, além de nódulos dolorosos em casos graves. O reconhecimento precoce desses sinais é essencial para prevenir complicações.
A hanseníase é classificada como paucibacilar, quando apresenta até 5 lesões na pele e não transmite a infecção, ou multibacilar, quando há mais de 5 lesões disseminadas. Essa classificação baseia-se no número de lesões e na presença de bactérias em amostras. Ambos os tipos são compatíveis com o tratamento disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Ainda que tenha apresentado uma redução gradual ao longo dos anos, o Brasil é o segundo país no mundo com mais novos casos de hanseníase diagnosticados todos os anos, apresentando uma taxa de 10,68 casos por 10 mil habitantes. Os números são mais expressivos em regiões com maior vulnerabilidade social e a região Nordeste, assim como Norte e Centro-Oeste, têm alta endemicidade. Atualmente, a Atenção Primária à Saúde de São Cristóvão possui 34 pacientes em tratamento.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico para hanseníase é clínico, necessitando da avaliação de médicos ou enfermeiros. Dessa forma, ao perceber sintomas suspeitos, o paciente deve ir à unidade de saúde mais próxima, onde ele passará pela consulta e pelos testes adequados junto ao profissional de saúde.
Segundo Meiriane Oliveira, enfermeira da UBS Irônia Maria Aragão, durante essa avaliação, é realizada uma análise clínica detalhada, incluindo testes específicos na chamada avaliação dermatoneurológica. Caso o diagnóstico seja confirmado, o caso é notificado à SMS, com a solicitação da medicação à Vigilância Epidemiológica, por meio da referência técnica, para que o tratamento seja iniciado.
“Uma vez que o tratamento começa na unidade de saúde, o paciente deve comparecer a consultas mensais para receber a dose supervisionada, administrada diretamente por um profissional de saúde. Além disso, ele recebe a medicação para uso domiciliar diário. Esse acompanhamento mensal é essencial para monitorar a evolução do caso e identificar possíveis reações ao tratamento, que podem ocorrer. Se houver alguma mudança clínica ou queixa do paciente, novas avaliações serão feitas sempre que necessário”, reforçou a enfermeira.

O tratamento é fornecido de forma gratuita, unicamente pelo Sistema Único de Saúde. Em São Cristóvão, esses medicamentos são disponibilizados diretamente pela Secretaria Municipal de Saúde, logo após o recebimento da notificação da unidade. Quanto mais rápido esse diagnóstico for comunicado, mais cedo a medicação será disponibilizada, o que é muito importante, pois tratamento interrompe a transmissão desde os primeiros dias de uso.
Enquanto referência técnica, Joélia Ferreira ainda explicou que, atualmente, há um fluxo otimizado para garantir o início do tratamento com maior agilidade. “A notificação e a prescrição médica são enviadas via WhatsApp para a referência técnica, que separa a medicação e o paciente pode receber o remédio no mesmo dia ou no dia seguinte, a depender do horário e da distância. Como a medicação para hanseníase pode ser tomada em qualquer horário, ela permite mais flexibilidade para o início do paciente”, concluiu.
A medicação utilizada nos dois tipos de hanseníase é a mesma, mas o tempo de tratamento é o que difere. A forma paucibacilar dura, em média, seis meses, e a multibacilar, 12 meses. Em alguns casos, o período pode ser estendido para garantir que o paciente tenha uma resposta completa ao tratamento. A depender da avaliação durante o processo, o paciente poderá ser acompanhado com maior frequência e, caso surjam complicações, pode ser encaminhado para um serviço de atenção especializada.
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