Janeiro Branco: saiba como acessar a rede de apoio psicossocial em São Cristóvão

20/01/2022 - 17:03 Atualizado há 3 dias



Os problemas de saúde mental são alarmantes nos últimos tempos, tendo um aumento considerável durante a pandemia devido às questões da ansiedade, do medo e do próprio isolamento social. No primeiro mês do ano, todo o país se mobiliza na campanha “Janeiro Branco”, que tem por objetivo chamar a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas.

 

Em São Cristóvão a campanha também é realizada, e a Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, não tem medido esforços para priorizar as ações relativas a esse tema no município e informar à população sobre como acessar a rede de apoio psicossocial que funciona o ano inteiro.

 

Onde e como acessar?

 

Para acessar os serviços ofertados pela Rede de Atenção Psicossocial de São Cristóvão, o paciente devem inicialmente procurar a unidade de saúde de referência para a região onde reside. Lá, ele será acolhido pela equipe de atenção primária. Em caso de algum transtorno mental ou problemáticas psíquicas já identificadas, o paciente será encaminhado ao Centro de Especialidade para que seja atendido por uma equipe multiprofissional especializada em saúde mental, que é composta por psicólogos, assistentes sociais e psiquiatras.

 

Outra forma de atendimento encontrada em São Cristóvão é através dos serviços dos os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Lá, são atendidos pacientes com transtornos mentais graves, transtornos crônicos e pessoas que possuem alguma necessidade por conta de substâncias psicoativas, como álcool ou drogas. Os Centros ficam localizados no bairro Divineia e no bairro Rosa Maria.

 

Segundo a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial de São Cristóvão, Stefanie Vieira, no fluxo atual, a pessoa que precisa de algum tipo de atendimento pode procurar a sua unidade básica de referência, em que terá todo o acolhimento e escuta para identificar o tipo de encaminhamento necessário. Além disso, ela destaca o papel do agente comunitário da saúde, que ao fazer uma visita também “será o elo entre o território e a unidade básica de saúde, que levará a demanda a uma equipe de atenção primária referente às questões de saúde mental”, destaca.

 

Stefanie Vieira, coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial de São Cristóvão



Uso de psicotrópicos e a rede de assistência

 

Stefanie destaca que o uso de psicotrópicos (medicamentos que atuam no cérebro) cresceu nos últimos dois anos no município. “A pandemia contribuiu bastante para isso, por conta do isolamento social, o medo, muitas perdas, e as pessoas tiveram que ressiginificar suas histórias e hábitos. Grande parte dos atendimentos que a gente tem nos serviços especializados é em decorrência dessa condição que estamos vivendo”, explica.

 

Muito além dos medicamentos psicotrópicos, a coordenadora Stefanie Vieira também recomenda uma boa alimentação, a prática de atividades físicas e que promovam o bem estar, como pintura e artesanato. “É importantíssimo trabalhar a questão da fala, de colocar para fora. Queremos que o uso de psicotrópicos seja de forma racional, pois muitas vezes a pessoa está em sofrimento e não é acostumada a isso, então é natural chorar, sofrer, passar pelo momento de luto”, recomenda.

 

Para ela, é necessário que a população entenda o verdadeiro sentido do que é cuidar da saúde mental. “Saúde mental não é apenas encaminhar ao psicólogo, ao psiquiatra ou tomar um remédio controlado. É um processo de corresponsabilização entre a equipe de saúde, o sujeito, a família e a sociedade”, lembra.

 

Janeiro Branco

 

Em São Cristóvão a campanha “Janeiro Branco” está acontecendo nas unidades de saúde e nos Centros de Atenção Psicossocial. São palestras, rodas de conversa, caminhadas e práticas integrativas, dentre outros. Uma destas ações acontece nesta sexta-feira (21), às 9h, onde a equipe do CAPS Valter Correia estará realizando a “Parada Branca”, com saída do Mercado Municipal.

 

De acordo com Stefanie, a intenção da Rede é estender essas ações para que elas aconteçam durante todo o ano. “Atividades como essas precisam ser desenvolvidas durante todo o ano, não apenas em janeiro. No primeiro mês do ano é comum as pessoas tentarem ressignificar suas vidas, e nisso é importante que a saúde mental seja trabalhada no nosso município não apenas nos serviços especializados, mas principalmente na atenção primária. Vamos tentar levar durante o ano essas atividades para todos os espaços que pudermos enaltecer a saúde mental”, finaliza Stefanie.

 

Foto: Dani Santos