Casa da Costura Dona Zil inicia curso de produção de bonecas artesanais

06/02/2023 - 17:49 Atualizado há 11 horas



Com o objetivo de promover desenvolvimento econômico e reflexão sobre a diversidade racial para a população de São Cristóvão, a Secretaria Municipal  de Assistência Social (Semas) iniciou hoje (06), o curso de produção de bonecas artesanais na Casa da Costura Dona Zil. O projeto é voltado para pessoas que estão fora do mercado de trabalho ou buscam complementar a renda familiar. A iniciativa conta com duas turmas divididas em níveis básico e intermediário, cada uma com dez pessoas. 

 

Durante o curso serão criadas bonecas de vários tons de pele, representando a diversidade racial do povo sancristovense. Após o término das oficinas, a  Casa da Costura ficará  disponível para o uso dos maquinários. Além disso, os alunos contarão  com uma referência técnica para oferecer suporte. Posteriormente, os brinquedos produzidos serão apresentados em escolas do município, abordando as  questões de diversidade racial. 

 

Para a coordenadora de inclusão produtiva da Semas, Kelly Oliveira, “além de oferecer uma alternativa para a construção da autonomia financeira dos alunos, o projeto tem potencial para ser uma experiência terapêutica para quem está inserido”, pontuou.

 

                                                                                      Kelly Oliveira, coordenadora de inclusão produtiva

 

Segundo a professora de costura de bonecas, Vanúzia Góis, a iniciativa já vinha sendo planejada há  algum tempo. 

 

“A gente sempre teve o sonho de ter um projeto que levasse principalmente as mulheres de baixa renda a levantar sua autoestima. Eu como moradora do município sentia necessidade de ensinar o que eu sabia para essas pessoas. Não somente para as mulheres mas os homens também estão sendo convidados. É uma oportunidade também de refletir sobre o machismo”, ressaltou.

 

 

                                                                                 Vanúzia Góis, facilitadora do curso de costura de bonecas

 

A pedagoga e aluna do curso, Ana Ires Lima, salientou a importância desse tipo de formação para quem pretende empreender. “Esse curso nos representa enquanto mulher. É importante nos prepararmos para o mercado de trabalho da forma como nós somos. É um momento em que estamos tentando empreender e é uma ajuda a mais para a casa, apontou. 

 

                                                                                                       Ana Ires Lima, aluna do curso 



Representação da diversidade  do povo sancristovense

 

A Diretora de direitos humanos na Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), Ana Caroline Trindade dos Santos, destaca que São Cristóvão foi construída por povos originários e pessoas escravizadas. Além de possuir uma população formada, em sua  maioria, por pessoas negras. Por isso é importante ter essa representação nas bonecas, no crochê e nas figuras folclóricas. “O meu papel é o de provocar esses alunos e professores à confecção de bonecas mais próximas da realidade do povo sancristovense. Bonecas pretas e pardas, na perspectiva de valorizar essa condição racial”, explicou. 

 

                                                      Ana Caroline Trindade dos Santos, diretora de direitos humanos da Semas 

A artesã e voluntária no projeto, Maria Helena Feitosa,  relatou que já trabalhava com a produção de bonecas artesanais mas não havia refletido sobre a cor desses brinquedos. “Eu fazia sem imaginar a cor e agora abri a mente para saber que a gente tem que olhar as cores não com ignorância, mas com amor”, disse. 

 

                                                                                                Maria  Helena Feitosa, artesã 

Caroline Trindade dos Santos  também destaca a importância de discutir a diversidade racial nas escolas,  considerando que o ambiente escolar é um dos maiores propagadores de racismo na infância.  “Toda criança vai ter um dia de levar um brinquedo para a escola e a gente vai ver que não vão ter muitas bonecas pretas. Seja porque o mercado não coloca ou pelas crianças não se acharem próximas de uma boneca preta. Afinal, o racismo estrutural vai dizer que tudo que está ligado ao preto é ruim”, ressalta a diretora. 

 

 

 

Fotos: Heitor Xavier.