CAPS I Valter Correia comemora aniversário de 17 anos com festa, emoção e apresentações culturais dos usuários

02/06/2023 - 21:02 Atualizado há 2 dias



Nesta sexta-feira, 02, o Centro de Atenção Psicossocial I Valter Correia, primeiro CAPS de São Cristóvão, comemorou 17 anos de funcionamento com festa para trabalhadores, usuários e comunidade. A celebração aconteceu no ginásio da escola Araceli e contou com discursos de quem acompanhou a história da criação e funcionamento do centro, além de apresentações teatrais e musicais dos usuários, que defenderam a liberdade e a luta antimanicomial.

 

O CAPS I Valter Correia foi inaugurado em 2006, durante a gestão do Secretário de Saúde Antônio Florêncio e, hoje, atende em média 800 usuários ativos no município. Eles participaram da construção do evento desde a confecção das lembranças, prendas e caixas fotográficas, até números culturais apresentados. Foi preparada uma encenação pontuando a diferença entre manicômio e liberdade, bem como uma homenagem dos usuários e funcionários a familiares e colegas falecidos.

 

 

Edjane Mendes, gerente e uma das fundadoras do CAPS I Valter Correia, conta que o plano era comemorar os 15 anos da instituição, mas por conta da pandemia a festa precisou ser adiada. Depois de um período de perdas e retrocessos, a equipe utiliza a ocasião para celebrar a vida. “Aproveitamos para resgatar a autonomia, a inclusão social e a liberdade, que são as principais propostas do Centro. O que pontuamos nesses 17 anos é o encontro dos primeiros profissionais com os atuais. O CAPS é coletivo e é transformação social”, afirma Edjane.

 

Edjane Mendes, gerente do CAPS I Valter Correia

 

A coordenadora de Atenção Psicossocial de São Cristóvão, Stefanie Vieira, ressalta a importância do CAPS na qualidade de vida da população, uma vez que centenas de vidas foram melhoradas e trabalhadas por uma equipe multidisciplinar. “A gente tem este dia como um dia de gratidão, para trabalhar a questão da ressocialização e da integração. Então, a política pública de saúde mental é embasada também no protagonismo dos usuários. Hoje, reforçamos tanto Valter Correia que foi um importante cidadão são-cristovense quanto os usuários e as famílias”, destaca.

 

Stefanie Vieira, coordenadora de Atenção Psicossocial de São Cristóvão

 

Para Fernanda Santana, secretária de saúde do município, é emocionante comemorar tantos anos de história do CAPS, pois fazem parte de sua história de vida, por ter sido fundado por uma pessoa querida e ter sua própria mãe como oficineira. A secretária ainda reforça o significado de resistência do Centro no processo de mudanças de paradigmas, por ter surgido após a reforma antimanicomial.

 

“Nossa proposta é a mudança de paradigma, é de acolher as pessoas que têm algum tipo de transtorno para que se tornem pessoas produtivas, inseridas socialmente e com seus direitos reconhecidos. Hoje, essas pessoas estão representando a resistência e a existência! Depois de viver um contexto de desconstrução de políticas públicas há tão pouco tempo, temos muito a comemorar aqui e estou muito feliz”, celebra Fernanda.

 

Fernanda Santana, secretária de saúde de São Cristóvão

 

 

Participação de funcionários e usuários na construção do CAPS

 

O Centro de Atenção Psicossocial tem como funções, dentre outras, fortalecer vínculos familiares e comunitários, garantir inclusão social, promover cidadania, resgatar a autoestima de seus usuários e promover a troca de experiências e reflexões. Acompanhado através desses princípios desde o início de seu funcionamento, Carlos Roberto, conhecido como Carlinhos, é um dos usuários mais antigos do CAPS I Valter Correia e demonstra alegria ao se reunir com família e amigos, compartilhando afeto por aquelas pessoas que há tanto tempo o acompanhavam. “O CAPS é muito bom! Eu já participei de reportagem, participo de palestras, das atividades, dos lanches. Eu amo ir para o CAPS”, declara Carlinhos.

 

Carlos Roberto, usuário do CAPS I Valter Correia

 

Maria Angélica Dias também é usuária antiga do CAPS e mostra como o atendimento da instituição foi essencial para sua melhoria de vida: “O CAPS me transformou. Eu cheguei doente, debilitada, e hoje eu estou feliz! Me sinto melhor e gosto de me comunicar com os meninos, brincar, em toda tarefa eu quero estar. Gosto de fazer crochê, correr, fazer ginástica, e é muito gostoso comemorar esses 17 anos. É uma vida e aqui tem muita gente maravilhosa”.

 

Maria Angélica Dias, usuária do CAPS I Valter Correia

 

A irmã de Angélica, Cristina Alves, comemora o alívio de ver duas irmãs que passavam dificuldades psicológicas tendo uma vida melhor com ajuda do CAPS. Segundo ela, sua irmã Angélica se deparou com muitas portas fechadas para ela, mas o CAPS a acolheu e à sua família também. “Para mim foi uma benção, eu passei muito sofrimento com as duas e hoje só tenho gratidão. E gratidão a todos, agradeço a Deus por tudo que eles até hoje eles fazem pela minha família, pelas minhas irmãs”, afirma Cristina, agradecida.

 

Cristina Alves, irmã de usuária do CAPS I Valter Correia

 

Maria José dos Santos foi a primeira oficineira a ministrar atividades no CAPS I Valter Correia e se emociona ao relembrar todos os bons momentos com sua equipe e usuários: Foi uma coisa que vi nascer, ser plantada e hoje vejo dignidade e merecimento. Esse povo vinha sofrendo. Nesse instante encontrei um usuário que disse ‘se não fosse você, não estaria aqui hoje’ e ele está aqui. Então, não tenho palavras para descrever a emoção e felicidade. Só gratidão”.

 

Maria José dos Santos, primeira oficineira a ministrar atividades no CAPS I Valter Correia

 

 

Fotos: Heitor Xavier