Agosto Dourado: profissional da saúde explica como deve ser feita a amamentação em casos de Covid-19

13/08/2020 - 17:50 Atualizado há 1 dia



Essencial para os seis primeiros meses de vida, o leite materno possui nutrientes necessários para o desenvolvimento do bebê e prevenção de doenças tanto nas crianças quanto nas mães. Período conhecido como “Agosto Dourado”, devido a cor que simboliza o padrão ouro de qualidade do leite humano, este mês traz consigo discussões sobre os benefícios do aleitamento.

Em meio à pandemia da Covid-19, muitas mães têm dúvidas sobre a amamentação. Neste sentido, a coordenadora de saúde da mulher em São Cristóvão, Priscilla Lírio, explica algumas questões a respeito do tema. Confira!

 

1-O coronavírus pode ser detectado no leite materno?

 

Priscilla Lírio - As evidências disponíveis até o momento ainda não detectaram vírus Sars-CoV-2 no leite materno, indicando ser improvável a transmissão da Covid-19 através da amamentação.

 

2- Após o parto, o bebê deve ser colocado em contato pele a pele e amamentado na primeira hora de vida se a mãe for confirmada/suspeita de Covid-19?

 

Priscilla Lírio - O contato pele a pele na primeira hora de vida do bebê é fundamental para a regulação térmica dos recém-nascidos, proporciona a construção do vínculo entre mãe e filho e possibilita a amamentação precoce que está diretamente ligada à redução da mortalidade neonatal. Cuidados de higiene e medidas de prevenção de contaminação, como limpeza da parturiente (banho no leito), troca de máscara, touca, camisola e lençóis, devem ser tomados antes do contato pele a pele e da amamentação serem iniciados.

 

3- Se uma mãe está com confirmação/suspeita de Covid-19, é recomendado que ela continue amamentando?

 

Priscilla Lírio - A amamentação deve ser recomendada e incentivada mesmo para as mães com suspeita ou confirmação da Covid-19, uma vez que a transmissão do vírus Sars-CoV-2 não foi detectado pelo leite materno. Durante a amamentação, a mãe confirmada/suspeita deve adotar medidas de higiene adequadas, incluindo a higienização das mãos com água e sabão e o uso de uma máscara para reduzir a possibilidade de espalhar gotículas que possam contaminar o bebê ou a criança. Os benefícios da amamentação são superiores aos potencias riscos de contaminação tanto para os bebês e crianças, quanto para a mãe.

 

4- Essas recomendações valem também pra as mães assintomáticas?

 

Priscilla Lírio – São orientações válidas para lactantes assintomáticas, suspeitas ou comprovadamente com Covid-19, confirmadas através de exames.

 

5- E o bebê com suspeita/confirmação de Covid-19 deve continuar sendo amamentado?

 

Priscilla Lírio – Sim, desde que a mãe tome os devidos cuidados de higiene, utilize máscaras durante todo o processo e higienize as mãos antes e depois das mamadas. O leite materno tem ação imunológica de proteção da criança contra infecções.

 

6- E se a mãe não se sentir segura para amamentar, o que deve ser feito?

 

Priscilla Lírio - Caso a mãe não se sinta segura em amamentar diretamente o seu filho, ou tenha algum tipo de agravo físico que a impeça, devem ser incentivadas e apoiadas a retirar e fornecer com segurança o leite materno ao bebê, aplicando medidas apropriadas para o controle e prevenção de infecções. Ela pode pedir para outra pessoa, saudável e que tenha sido devidamente orientada, oferecer, tentando evitar ao máximo a utilização de mamadeiras grandes ou pequenas. Nesse caso, utilizar copinhos ou colheres (dependendo da idade da criança).

                             

Coordenadora de saúde da mulher em São Cristóvão, Priscilla Lírio

 

Foto: Heitor Xavier